SISTEMAS OPERACIONAIS
A inteligência humana é resultado da evolução do pensamento desenvolvido a partir do acúmulo das experiências acumuladas. Esse aprendizado não ocorre isoladamente, mas como resultado da convivência entre os seres humanos e da relação destes com o ambiente, é o ser humano o único animal capaz de modificar o ambiente de forma premeditada, planejando suas ações de acordo com os interesses das adaptações necessárias ao melhor conforto e comodidade.
O desenvolvimento da inteligência humana é um patrimônio coletivo, que precisa ser preservado, ampliado e socializado, não pode ser objeto de apropriação de alguém ou de empresas com objetivo de exploração comercial. Essa posição foi mantida até pouco tempo, se considerada a história da humanidade, sempre respeitando as peculiaridades de cada época, mas infelizmente nos últimos tempos há uma forte pressão para modificar essa aplicação transformando o que era um bem universal num valor comercial, passível de apropriação por alguém e exploração econômica.
O software Livre é um sistema operacional que além de permitir a interação entre o usuário e a máquina, abre ao usuário a possibilidade de adequá-lo às suas necessidades, atendendo especificidades do usuário, pessoa física ou jurídica, sem necessidade de autorização da empresa que produziu: "durante a década de 1990 surgiu o movimento de Software Livre, que é um movimento social bastante complexo, envolvendo não apenas alguns poucos lunáticos, mas também empresas, universidades e governos." Essa possibilidade abre a possibilidade de romper com a imposição das empresas que pretendem utilizar o software apenas como instrumento para obter lucro, sem preocupação com sua função social:
Você propõe acabar com a indústria do software?
Stallman: A indústria tal qual a conhecemos pode desaparecer ou se adaptar, para mim tanto faz, porque não necessitamos dela. Seu modelo é anti-social e anacrônico. Só se preocupa em acumular dinheiro. Os programas que são propriedade das companhias impedem o progresso e significam um roubo da sociedade. 16
Essa disponibilidade de disponibilizar o código ao usuário permite que o avanço tecnológico na área se concretize, porém, restava uma preocupação, garantir que o programa não fosse apropriado por uma transnacional da informática e patenteado, a forma encontrada para assegurar, ao mesmo tempo, a propriedade do inventor e a possibilidade de melhorar e adequar o programa é uma licença-especial para utilização do Software:
Usando única e exclusivamente código livre, ele gerou inúmeros aplicativos importantes para o funcionamento do sistema. Ele desenvolveu e disponibilizou esse código. Mas havia um risco. Se ele disponibilizasse o código, uma empresa poderia se apropriar dele e fechá-lo, inclusive patenteá-lo e depois processar o original, como tem acontecido diversas vezes. Então, Sstallman criou uma maneira de se livrar disso juridicamente que chamou de copyleft, uma licença especial de software chamada GPL. Essa licença dá acesso ao código e à distribuição livre, só que se alguém usar o código para implementar um programa, qualquer que seja, se esse programa for distribuído deve ir junto com o código, não se pode fechar o circuito. 17
O Software Livre é um exemplo típico de aproveitamento dos conhecimentos produzidos de forma coletiva: "[...] o GNU/Linux, que é mais seguro e estável que o Windows e que foi elaborado com a colaboração de quase meio milhão de programadores de todo mundo? A demanda de software continuará existindo [...]." 18 Disponibilizar essa tecnologia, gerando agregação de valores e ainda permitindo que outros possam continuar sua utilização e aperfeiçoamento é também uma maneira de garantir o trabalho dos profissionais da informática que deverão estar empenhados em adequar os sistemas de acordo com os usuários: Essencialmente o que caracteriza um software como livre é a licença, contudo não existe clara linha divisória entre um software não-livre. Ainda que evidentemente possamos classificar a licença GPL como sendo livre, enquanto que a licença do Windows XP como não livre." 19
A vantagem desse tipo de licença está na possibilidade de garantir que, ao repassar o software adiante, ele estará acompanhado da liberação do código fonte que possibilitará sua alteração da forma mais conveniente e, ao mesmo tempo, impede que alguém se aproprie do mesmo de forma imperativa ou privada, apenas com o intuito de exploração comercial:
A licença considerada livre mais utilizada é a GPL. Esta licença garante ao usuário o direito de copiar, de modificar e de distribuir copias do software modificado. O desenvolvedor pode cobrar pelo software que desenvolve, pode vendê-lo a uma empresa e esta não precisa distribuí-lo. Contudo, se a empresa distribuir o software distribuído sobre GPL, então necessariamente o código-fonte deverá ser distribuído e o software também obedecerá a GPL. Stallman chama essa característica de Copyleft, em contraposição a Copyright. 20
"A GPL, na verdade, limita o desenvolvimento restringindo-lhe algumas liberdades; por outro lado, isto impede que empresas explorem de forma indevida as liberdades que a GPL concede. Outra garantia da GPL é que ela não oferece nenhuma garantia de que o aplicativo funcione adequadamente."21
O Software Proprietário (Comercial) se caracteriza pelo seu sistema de produção, distribuição e utilização de forma reservada, deixando em desvantagem os países com menor poder tecnológico, como o Brasil: 'Na realidade, o Brasil, do ponto de vista da escala mundial, não tem uma participação muito grande no desenvolvimento de software comercial , no caso de software livre, a comunidade brasileira tem uma participação extremamente importante." O software comercial é produzido para uma pessoa ou empresa com objetivos comerciais, sua distribuição é feita através de contrato do fornecedor com o interessado, com ônus ao último. Qualquer alteração que o usuário pretenda , depende de autorização expressa da empresa produtora do Software: "Isso acabou gerando um monopólio da Microsoft e geralmente as pessoas não conhecem outra coisa, como se fosse aquele o único caminho, uma espécie de desígnio divino.
Do ponto de vista ético do desenvolvimento não há justificativa plausível par uma forma de proteção por patente altamente fechada do software, que é na verdade, resultado de uma profunda cooperação dos conhecimentos produzidos por todos de forma coletiva: "O software de propriedade também chamado software com copyright ou com licença implica um sistema depredador que coloca os usuários numa situação precária."24 Chega-se ao cúmulo de alguém sofrer processo crime, com risco de condenação, caso opte ajudar um amigo oferecendo cópia de um software comercial: "Pois assim funciona o mundo do software de propriedade. Se fizeres uma cópia da receita para um amigo, podem te prender."25
As empresas que desenvolvem o software para exploração comercial alegam que sem as patentes haveria desemprego, falta de investimento no setor e muitos prejuízos. No entender do Stallman isso não procede, pois o que realmente sustenta a obrigatoriedade das patentes é interesse pelo lucro.
Uma visão que emerge de alguns movimentos populares é tornar a propriedade intelectual um bem coletivo, assegurando direitos às atuais e futuras gerações. Não se pode aceitar que alguma empresa ou entidade monopolize qualquer tipo de conhecimento.
Por trás do desenvolvimento do software alternativos está a resistência de muitos operadores de informática em se submeter aos domínios de empresas que utilizam a tecnologia apenas como fonte de lucro, sem preocupação com o compromisso social. As formas de resistência são diversas, como a pirataria digital:
Fazer cópias de um produto alheio e vendê-las para ganhar dinheiro é um crime. Mas a copia que alguém compartilha sem fins lucrativos não tem por que ser crime. Muitas das medidas que estão sendo tomadas indicam que a batalha legal e política se coloca não contra as organizações que pirateiam, mas contra a idéia e o direito individual de compartilhar. 39
Software Proprietário ou Comercial
-Tem código-fechado o que impossibilita o conhecimento do seu conteúdo por terceiros, bem como sua modificação.
-O software é valorizado como produto: ele centraliza na venda de programas para obtenção de lucros.
-Sua distribuição é feita através de contrato do fornecedor com o interessado, com ônus ao último.
-Sua produção, distribuição e utilização é de forma reservada.
Software Livre
Liberdade aos usuários para utilizar seus produtos; executar, copiar, estudar, modificar, alterar, etc.
=Interação entre a máquina e o usuário;
=Possibilidade de adequação às suas necessidades atendendo especificidades do usuário, pessoa física ou jurídica sem necessidade de autorização da empresa que a produziu;
=Possibilita a inovação e a diferenciação
=Oferece maior segurança; permite que problemas sejam encontrados e resolvidos;
=É mais barato;
=Não pode deixar de ser livre;
=O usuário pode ter acesso irrestrito ao seu Código-Fonte, podendo fazer utilização desse código para uso de terceiros e uso livre e legítimo. Nessa concepção o software é um serviço, envolvendo desenvolvimento, distribuição, suporte, etc.
Já sua funcionalidade, em questão de dias, o usuário estará habituado com o sistema. É apenas questão de hábito.
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